Desigualdades estruturais no ensino
No Brasil a escola constitui um produto social desigualmente distribuído. O acesso as escolas é modulado por categoria sócio-econômica, sexo, etnicidade, local de residência e também pelo tipo de rede (publica ou particular). A divisão do sistema escolar em rede só faz acentuar ainda mais as desigualdades sociais e comprometer o desenvolvimento econômico e social do País.
O ensino público no Brasil teve início com a constituição de 1824. Em 1930, criou-se o ministério da educação e em 1962 com a LDB, instituiu-se três tipos de escolas (federais, estaduais e municipais). Em1988 estabeleceu-se a convivência entre a rede pública e particular.
Observa-se desde então, que a escola pública acolhe a grande maioria dos educandos, enquanto que a particular é freqüentada basicamente pela elite.
Embora a escola pública acolha a maioria dos educandos é a escola particular que exerce o monopólio de qualidade de ensino.
As desigualdades entre as redes de ensino são muitas e variam dentro e entre os estados, tanto no que se refere a quantidade quanto a qualidade.
As regiões mais pobres (norte e nordeste) geralmente oferecem ensino público municipal ou estadual, o ensino particular é difícil de ser encontrado. E o ensino oferecido nestas regiões e extremamente precário.
Isso se explica em parte pela pouca ou nenhuma formação pedagógica dos professores. Mas como esperar que se desenvolva um ensino de qualidade, numa região onde encontra-se a maior concentração de pobreza, conseqüentemente uma administração municipal que não dispõe de recursos financeiros, refletindo-se em pouquíssimos investimentos na educação.
Temos então, escolas em condições mínimas de trabalho e professores vivendo de salários miseráveis, que torna impossível uma melhora na condição de vida, bem como, na formação profissional.
As condições de ensino a que são submetidos refletem-se em desigualdades no desempenho dos alunos. Ou seja, segundo pesquisa o desempenho na matemática dos alunos da zona rural e mais baixo do que o da urbana, bem como o da escola pública para a particular.
Quero ressaltar que abrangendo todas as regiões, o ensino pode ser considerado desigual, mas quando comparo o desempenho das escolas dentro do nosso município (Três Cachoeiras), pode-se dizer que as escolas públicas municipais não deixam a desejar em relação as particulares. Tanto no que se refere a estrutura física, materiais didáticos como também na qualidade do ensino.
As escolas contam com um quadro de docentes na grande maioria com curso superior completo ou em andamento. A Secretaria Municipal de Educação investe em cursos de formação continuada, com o intuito de manter seus docentes em constante aperfeiçoamento.
Mas de maneira geral a educação parece dividir-se em duas classes, a educação para os pobres e a educação para ricos.
Há desigualdades grandes também se compararmos os salários entre as redes, pois os professores particulares são sempre mais bem pagos.
Em conseqüência das muitas desigualdades entre ensino público e particular, desde o ensino fundamental até o médio é que se percebe também a grande dificuldade de ingresso nas universidades por alunos oriundos do ensino público. A grande maioria provém de escolas particulares ou que pelo menos tenham cursado o ensino médio em escolas particulares. Sendo assim a elite é mais uma vez favorecida.
Deve-se considerar também que uma parcela dos educandos interrompe seus estudos no ensino médio em busca de trabalho para poder auxiliar suas famílias nas despesas da casa.
Para que a educação pública venha a alcançar as mudanças necessárias sra preciso uma mobilização por parte dos docentes e maior conscientização do estado frente o descaso com a qualidade de ensino. È preciso investir mais no ensino público, melhorando-o, tornando assim comparável a educação particular.
Muitas políticas educativas vêm sendo implantadas e pode-se dizer que contribuíram para o acesso e permanência dos educandos na escola, mas estas políticas não estão preocupadas com a qualidade do ensino, continuando o alto índice de reprovações e defasagem idade/série, principalmente no ensino fundamental.